quinta-feira, 31 de março de 2011

AINDA A GERAÇÃO À RASCA (o outro lado...)

- Então, foste à manifestação da geração à rasca?
- Sim, claro.
- Quais foram os teus motivos?
- Acabei o curso e não arranjo emprego.
- E tens respondido a anúncios?
- Na realidade, não. Até porque de verão dá jeito: um gajo vai à praia, às esplanadas, as miúdas são giras e usam pouca roupa. Mas de inverno é uma chatice. Vê lá que ainda me sobra dinheiro da mesada que os meus pais me dão. Estou aborrecido.
- Bom, mas então por que não respondes a anúncios de emprego?
- Err...
- Certo. Mudando a agulha: felizmente não houve incidentes.
- É verdade, mas houve chatices.
- Então?
- Quando cheguei ao viaduto Duarte Pacheco já havia fila.
- Seguramente gente que ia para as Amoreiras.
- Nada disso. Jovens à rasca como eu. E gente menos jovem. Mas todos à rasca.
- Hum... E estacionaste onde? No parque Eduardo VII?
- Tás doido?! Um Audi TT cabrio dá muito nas vistas e aquela zona é manhosa.
Não, tentei arranjar lugar no parque do Marquês. Mas estava cheio.
- Cheio de...?
- De carros de jovens à rasca como eu, claro. Que pergunta!
- E...?
- Estacionei no parque do El Corte Inglés. Pensei que se me despachasse cedo podia ir comprar umas coisinhas à loja gourmet.
- E apanhaste o metro.
- Nada disso. Estava em cima da hora e eu gosto de ser pontual.
Apanhei um táxi. Não sem alguma dificuldade, porque havia mais jovens à rasca atrasados.
- Ok. E chegaste à manif.
- Sim, e nem vais acreditar.
- Diz.
- Entrevistaram-me em directo para a televisão.
- Muito bom. O que disseste?
- Que era licenciado e estava no desemprego. Que estava farto de pagar para as reformas dos outros.
- Mas, se nunca trabalhaste, também não descontaste para a segurança social.
- Não? Pois... não sei.
- Deixa-me adivinhar: és licenciado em Estudos Marcianos.
- F***-se! És bruxo, tu?
- Palpite. E então, gritaste muito?
- Nada. Estive o tempo todo ao telemóvel com um amigo que estava na manif do Porto. E enquanto isso ia enviando mensagens para o Facebook e o Twitter pelo iPhone e o Blackberry.
- Mas isso não são aparelhinhos caros para quem está à rasca?
- São as armas da luta. A idade da pedra já lá vai.
- Bem visto.
- Quiriquiri-quiriquiri-qui! Quiriquiri-quiriquiri-qui!
- Calma, rapaz. Portanto despachaste-te cedo e ainda foste à loja gourmet.
- Uma merda! A luta é alegria, de forma que continuámos a lutar Chiado acima, direitos ao Bairro Alto. Felizmente uma amiga, que é muito previdente, tinha reservado mesa.
- Agora os tascos do Bairro aceitam reservas?
- Chamas tasco ao Pap'Açorda?
- Errr... E comeram bem?
- Sim, sim. A luta é cansativa, requer energia. Mas o pior foi o vinho.
Aquele cabernet sauvignon escorregava...
- Não me digas que foste conduzir nesse estado.
- Não. Ainda era cedo. Nunca ouviste dizer que a luta continua? E continuou em direcção ao Lux. Fomos de táxi. Quatro em cada um, porque é preciso poupar guito para o verão. Ah... a praia, as esplanadas, as miúdas giras e com pouca roupa...
- Já não vou ao Lux há algum tempo, mas com a crise deve estar meio morto, não?
- Qual quê! Estava à pinha. Muita malta à rasca.
- E daí foste para casa.
- Não. Apanhei um táxi para um hotel. Quatro estrelas, que a vida não está para luxos.
- Bom, és um jovem consciente. Como tinhas bebido e...
- Hã?! Tu passas-te! A verdade é que conheci uma camarada de luta e...
bem... sabes como é.
- Resolveram fazer um plenário?
- Quê? Às vezes não te percebo.
- Costuma acontecer. E ficaram de ver-se?
- Ha! Ha! Ha! De ver-se, diz ele. Não estás a ver a cena. De manhã chegámos à conclusão que ela era bloquista e eu voto no Portas. Saiu porta fora. Acho que foi tomar o pequeno-almoço à Versailles.
- Tu tomaste o teu no hotel.
- Sim, mas mandei vir o room service, porque ainda estava meio ressacado.
- Depois pagaste e...
- A crédito, atenção. Com o cartão gold do Barclays.
- ... rumaste a casa.
- Sim, àquela hora a A5 não tinha trânsito. Já não havia malta à rasca a entupir o tráfego.
- Moras onde? Paço d'Arcos? Parede?
- Que horror! Não, não. Moro na Quinta da Marinha, numa casita modesta que os meus pais se vêem à rasca para pagar. Para a próxima levo-os comigo.

 
Paradoxalmente, uma parte bem significativa dos participantes no protesto, tinham,  através do seu voto, acabado de reconduzir Cavaco Silva a cumprir novo mandato como Presidente da República, esquecendo que (mesmo que ele tente assobiar para o lado) é também um dos principais responsáveis pela situação dramática que o país vive...

quarta-feira, 30 de março de 2011

ANDAR DE BICICLETA...

...para descontrair!
Agora que, finalmente, o tempo está a melhorar...

segunda-feira, 28 de março de 2011

AÇORDAS em Portel

Imagens sacadas da net.
Açorda d'alho - ALENCANTO

domingo, 27 de março de 2011

SABER DOS SONS- música para todos

O programa Música para Todos integra-se no projecto "Saber dos Sons", promovido pelo Município de Viana do Alentejo, em colaboração com o maestro Cristopher Bochmann.

CRISTOPHER BOCHMANN
Biografia
Nasceu em 1950.
Com 9 anos ingressou no coro da Capela de S. Jorge, Castelo de Windsor. Aos 16 anos foi estudar para Paris com Nadia Boulanger antes de ingressar na Universidade de Oxford (New College) onde estudou com David Lumsden, Kenneth Leigthon e Robert Sherlaw Johnson. Ainda completou os seus estudos com aulas particulares com Richard Rodney Bennett. Tem os graus de B.A. (Hons.), B. Mus, M.A. e D. Mus, todos na Universidade de Oxford. Em 2004 foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura, Portugal; em 2005 foi agraciado pela rainha D. Isabel II com a condecoração O.B.E. 

Como maestro, Cristopher Bochmann tem desenvolvido uma forte actividade especialmente nas áreas da música contemporânea e da direcção de jovens instrumentistas. Desde 1984, é maestro titular da Orquestra Sinfónica Juvenil (Lisboa). Criou inúmeros grupos, desde o coro do Instituto Gregoriano de Lisboa ao coro e à orquestra da Escola Superior de Música de Lisboa, o Ensemble Vocal Manuel Mendes e o Grupo de Música Contemporânea da Universidade de Évora. Também dirige com frequência o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa.

A partir de 1 de Abril e até 24 de Junho, o Cine-teatro Vianense vai ser palco da iniciativa "Música para Todos", com o
maestro Christopher Bochmann.
A não perder!

quinta-feira, 24 de março de 2011

"O QUE ACONTECEU EM PORTUGAL FOI UMA TRAGÉDIA"

diz secretário-geral da OCDE
"Jose Angel Gurría, secretário-geral da OCDE, prevê que se aproximam tempos, ainda, mais difíceis para Portugal, depois de ter sido, ontem, oficializada a demissão do primeiro-ministro José Sócrates, considerando que a crise política torna mais provável pedido de resgate.

Em declarações realizadas na capital norte-americana de Washington, o secretário-geral da OCDE recomenda que as eleições em Portugal devem ser realizadas o mais rapidamente possível, apontando para o próximo mês de Maio avisando que até essa altura «serão semanas muito duras».

Angel Gurría acredita que, ainda, não é inevitável o resgate a Portugal mas, no entanto, admite que com a crise política instalada torna-se, «mais provável».

A CRISE

“Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo.
A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar “superado”.
Quem atribue à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções.
A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis.
Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia.
Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um.
Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo.Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.”


Albert Einstein

quarta-feira, 23 de março de 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

PLP FOI HÁ UM ANO

Há precisamente um ano, aliando vontades e interesses, milhares de voluntários por esse país fora deram as mãos em torno de uma causa comum: o Projecto Limpar Portugal.   Foi um dos momentos mais altos de exercício pleno de cidadania. Aconteceu por todo o país e o concelho de Viana soube mobilizar-se como poucos. Homens e mulheres, novos e velhos, souberam transformar um dia normal num dia memorável, em que a vontade comum se sobrepôs aos interesses e às convicções de cada um. Por essa e por muitas razões, nunca é demais recordá-lo.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O NÓ NO LENÇOL

“Numa reunião de pais numa escola da periferia, a professora realçava o apoio que os pais devem dar aos filhos e pedia-lhes que se fizessem presentes o máximo de tempo possível.

Considerava que, embora a maioria dos pais e mães trabalhasse fora, deveria arranjar tempo para se dedicar às crianças.

Mas a professora ficou muito surpreendida quando um pai se levantou e explicou humildemente, que não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana, porque quando ele saía para trabalhar era muito cedo e o filho ainda estava a dormir. Quando voltava do trabalho já era muito tarde e o filho já não estava acordado.

Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família, mas também contou que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava compensá-lo indo beijá-lo todas as noites quando chegava a casa.

E para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia religiosamente todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.

A professora emocionou-se com aquela história e ficou surpreendida quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.

O facto faz-nos reflectir sobre as muitas maneiras de as pessoas se fazerem presentes, de comunicarem com os outros.

Aquele pai encontrou a sua, que era simples mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através do nó, o que o pai estava a dizer.

Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol valiam, para aquele filho, muito mais do que presentes ou a presença indiferente de outros pais.

É por essa razão que um beijo cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o medo do escuro...

É importante que nos preocupemos com os outros, mas é também importante que os outros o saibam e que o sintam.

As pessoas podem não entender o significado de muitas palavras, mas sabem reconhecer um gesto de amor.

Mesmo que esse gesto seja apenas um nó num lençol...”